A ESCOLA E O PSICOPEDAGOGO
Em postagens anteriores abordei o tema sobre parceria entre escola e família. Desta vez venho tratar de um assunto também importante o qual tem em seu contexto a relação entre escola e psicopedagogia.
Sempre ouvi dizer, principalmente quando ainda estava em formação, que "Psicopedagogo es una persona no grata en la escuela". Esta expressão nunca me intimidou, porém até hoje me chama a atenção. Observo e reflito constantemente sobre ela. Ora concluo que sim, é verdade, ora tenho dúvidas. Há um ditado popular que dá sentido às minhas dúvidas, pois "onde há fumaça, há fogo".
Cabe também mencionar que frente a esta relação, escola e psicopedagogia, "há dois pesos e duas medidas".
Nota-se que, ao mesmo tempo em que o psicopedagogo enquanto profissional sofre certa rejeição, é aquele alguém que tem condições de trazer uma boa dose de esperança tanto para a família quanto à escola, uma vez que é um indivíduo preparado para auxiliar numa situação difícil para todos os envolvidos no processo de ensino no que se refere especialmente à aprendizagem.
A família é a que menos consegue resolver sozinha as dificuldades de aprendizagem de seu(s) filho(s), por outro lado a escola possui alguns recursos que poderiam e podem facilitar na superação dos problemas, mas apresenta-se também insegura, e quando se depara com a possibilidade de solucionar as situações difíceis no campo citado não sabe o que fazer.
Ocorre que talvez a Gestalt, a Psicanálise, o Behaviorismo e o Sócio-interacionismo, teorias que fundamentam a prática pedagógica no sentido da percepção, ponto de vista, da psiqué, dos estimulo e resposta formatando o ambiente e a interação indivíduo e meio, fariam a diferença no âmbito da aprendizagem se os educadores buscassem estas contribuições, no mínimo, em sua formação. Deste modo, evitariam prejuízos no processo educativo abrindo-se seguramente à relação em discussão: escola e psicopedagogo.
Assim como a família, a escola deixa claro o receio em expor suas fragilidades, porém tal comportamento torna-se compreensível, pois espera-se que "a escola seja perfeita e faça milagres", porém não existe perfeição. Se há falhas é porque houve tentativas e independe apenas de um. O trabalho educativo escolar envolve várias partes, cada um cumprindo seu dever.
É extremamente importante que o psicopedagogo seja visto como aquele que está pronto para auxiliar a escola e o aluno em suas dificuldades no ato de ensinar e aprender, apenas isto, e não um "crítico destrutivo" que aponta erros pelos erros sem oferecer subsídios que favorecem o sucesso escolar dos educandos. É esta a função deste profissional.
Todavia, para que tudo dê certo, ele precisa de espaço para agir de maneira que possa estabelecer parceria entre escola, família e o aluno sendo este o elemento principal do conjunto.
A resistência por parte da escola dificulta o trabalho psicopedagógico. Este quadro precisa mudar. O psicopedagogo é um parceiro disposto a colaborar em prol de resultados satisfatórios na sala de aula, partindo do apoio às práticas pedagógicas.
É fundamental que se tenha o olhar voltado ao coletivo, à turma. Entretanto, é essencial estar atento ao individual, ao aluno que manifesta comportamento diferente da turma referindo-se a todos os aspectos do desenvolvimento humano, comportamento este dito "inadequado" à sala de aula. É ainda imperioso perceber o educando que "tem dificuldade" em aprender a ler, escrever, calcular etc. e estar também disposto a ajudà-lo. Não é fácil, porém não é impossível.
Vale ressaltar que tudo na vida é arte, portanto espera-se que o educador seja um artista e que consagre sua arte a partir de sua sensibilidade.
O psicopedagogo ajuda, e não atrapalha. Ele é sim "persona grata en la escuela", seja o clínico e/ou institucional. Psicopedagogo Institucional tratando-se literalmente da atuação em escola.
Noêmia A. Lourenço