Certo dia eu estava assistindo a uma novela quando
determinada cena chamou a minha atenção. A mãe tinha o hábito de ler para o
filho todas as noites antes de dormir. Naquela noite não foi diferente, porém
surgiu um detalhe significativo. Ela queria que o filho dormisse rápido, pois
tinha um compromisso importante para ela. À medida em que lia a
história, cada vez que o menino se deparava com alguma situação semelhante a vivências
ele a interrompia, mas ela não dava a atenção e ainda o obrigava a continuar acompanhando
a leitura. Isto aconteceu por três vezes aproximadamente. O filho, ouvindo a
história, refletia e lembrava de fatos vivenciados com colegas e identificava
situações ocorridas com os mesmos individualmente. No caso, se tratava de conflitos
nas relações interpessoais. Infelizmente a mãe não percebeu uma grande
oportunidade de educar seu filho e, muito provavelmente, a cada atenção
rejeitada permanecia na mente do menino pontos de interrogação.
Por
quê aquela cena chamou a atenção?
O contexto da cena me permitiu fazer comparação entre a ficção
e a realidade. É notório que, principalmente nos dias atuais, parece se dar
atenção maior ao materialismo, ao ter, a questões menos importantes do que o
desenvolvimento humano, a educação.
As crianças nem sempre têm a oportunidade de aprender de
maneira segura, uma vez que a família e a escola são responsáveis por grande
parte da evolução humana e muitas vezes deixam a desejar. A família, de modo
geral, sendo a base do desenvolvimento, deveria tentar vencer os desafios da
educação. Ela tem a força, tem o poder, porém é muito triste ver que a sociedade
domina o espaço educativo. É comum os pais atenderem às vontades dos filhos por
conta, por exemplo, de argumentações dos mesmos quando dizem: “meu amigo tem”, “meu
amigo ganhou”, “meu amigo comprou”, “meu amigo vai”, e completam estes
argumentos com a expressão: “só eu que não”.
Este quadro educativo possui aspectos a serem considerados
e um deles é, especialmente, a compensação pela ausência necessária e
fundamental à sobrevivência. Todavia, é preciso estar atento, porque há perigo
quando o mundo social é o “único” educador das crianças.
Uma orientação:
#ficaadica
Quando a criança estiver numa situação em que suas dúvidas
sejam despertadas e ela queira explicações, dê atenção e ofereça os melhores esclarecimentos.
Evite deixa-la “apenas” nas mãos do mundo, da sociedade. Digo “apenas” porque
ela está aí crescendo, vivendo e aprendendo, inclusive, mediante exemplos.
A criança, até que adquira maturidade, reproduz o que vê e
o que ouve. Temos a tendência a achar bonitinho e, desta forma, perdemos a
oportunidade de educá-la.
Obs.: A cena
da novela a qual assisti veio também ao encontro do meu livro “Dorinha, a borboleta amiga”. A ideia é
esta: ao ler para a criança permitir que ela entre na história e aprenda. Caso
ela leia sozinha faça-lhe perguntas ou responda atenciosamente às que fizer. O
livro traz sugestões de atividades e diálogo para auxiliar neste processo.
Noêmia A. Lourenço