CONSELHO DE AMIGO
A cada bimestre, os professores devem avaliar o ensino que a escola está ministrando, e não apenas o desempenho individual dos alunos
O primeiro Conselho de Classe e Série do ano marca o momento de avaliar o trabalho realizado no bimestre. Direção, professores e professor-coordenador devem-se reunir para analisar o desempenho das classes e determinar formas de sanar possíveis falhas. Sonia Teresinha de Sousa Penin, professora titular de Didática da Faculdade de Educação da USP e responsável pela Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo (COGSP), e Arlete Scotto, pedagoga e delegada da 14ª Delegacia de Ensino, dão, a seguir, sugestões para que a equipe escolar torne o Conselho um meio de alcançar a melhoria da qualidade de ensino.
Mudar o foco da avaliação do individual para o coletivo:
A classe deve ser avaliada como um todo, e não os casos particulares de alunos. O professor não pode estar satisfeito se 25% dos alunos vão muito bem, 50% se encontrem na média e “apenas” 25% estejam indo mal. Todos os alunos devem estar aprendendo em uma sala de aula. Cabe à escola definir as estratégias para que as dificuldades de um grupo específico de alunos sejam superadas.
Avaliar o ensino, não apenas a aprendizagem:
O tema principal da reunião é a qualidade do ensino ministrado, relacionada aos resultados obtidos pelas classes, e não as notas alcançadas pelos estudantes. O trabalho desenvolvido em sala de aula deve ser analisado, inclusive a prática da avaliação. Relativize o papel das provas bimestrais somando-as a outros instrumentos, em função do aprendizado do aluno.
Procurar objetividade:
É fundamental afastar preconceitos que possam interferir na avaliação. Os resultados obtidos pelos estudantes em termos do domínio de conteúdos e habilidades devem ser analisados sem estigmatizá-los por suas características comportamentais, físicas, raciais ou socioeconômicas.
Contribuir para a dinâmica do Conselho:
O professor-coordenador e o diretor, responsáveis pela preparação da reunião, deverão montar gráficos ilustrando o desempenho das classes nas diferentes disciplinas, o que pode estimular as comparações. Os debates ficarão mais ricos com o relato de casos estudados em conselhos anteriores ou em pesquisas que tiveram como objeto de estudo as escolas da Rede. A colaboração do supervisor pode ser útil na análise da situação da escola.
Estabelecer estratégias de mudança:
Ao final da reunião, a equipe deve estar ciente de que o problema da não-aprendizagem é da instituição Escola, e não do aluno. O segundo passo é admitir suas deficiências e determinar o tipo de capacitação que necessita. Cabe aos docentes sugerir temas para as próximas reuniões de HTP (hoje HTPC)* e propor projetos de reforço e recuperação. O grupo deve determinar formas para aprimorar os instrumentos de avaliação, alterar as sitemáticas de trabalho e diversificar os recursos utilizados em sala de aula.
Preparar-se para a reunião de pais:
O Conselho é um bom momento para planejar a reunião de pais. Nas escolas onde a estratégia escolhida é a de professores-coordenadores para as classes, a reunião é a melhor oportunidade para conhecer a fundo o desempenho dos alunos e tornar-se apto para esclarecer as dúvidas dos pais. As famílias devem não apenas receber as médias alcançadas pelos filhos, como também ser informadas sobre a forma de ajudá-los em casa e sobre as ações da escola para sanar falhas detectadas. É essencial que o diretor e o professor-coordenador participem da reunião, apresentando aos pais o projeto da escola e seus objetivos e ressaltando a importância de sua participação para o sucesso escolar do aluno.
Fonte: Texto extraído do Jornal Escola Agora Aprendendo sempre. Ano II – nº 10 – abril 1997 – Secretaria de Estado da Educação – São Paulo. p. 1
*Observação da Proprietária do blog
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